ECCOMI
Eccomi
Spogliata di tutti i miei mantelli
Separata da indovini maghi e dèi
Per rimanere sola davanti al silenzio
Ma tu sei di tutti gli assenti l’assente
Né la tua spalla mi sostiene né la tua mano mi
tocca
Il mio cuore scende la scala del tempo in cui non
dimori
E il tuo incontro
Sono pianure e pianure di silenzio
Scura è la notte
Scura e trasparente
Ma il tuo volto sta al di là del tempo opaco
Ed io non abito i giardini del tuo silenzio
Perché tu sei di tutti gli assenti l’assente
Sophia
de Mello Breyner Andresen
(da Livro
Sexto, Editorial Caminho,
trad. Roberto Maggiani)
EIS-ME
Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce a escada do tempo em que não
moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente
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